domingo, 6 de março de 2011

História do Afoxé

Os escravos negros começaram a ser trazidos da África para o Brasil a partir de 1530 para trabalhar na lavoura, pois os índios cativos eram eficientes na extração do pau-brasil, mas não na atividade agrícola. Eles eram vendidos em escala crescente por traficantes portugueses, com lucro para ambos os lados. O preço alto do escravo africano era amortizado pelo tempo de cinco a dez anos de trabalho forçado e nos séculos XVII e XVIII, eles eram a grande massa trabalhadora da agricultura, da mineração e das atividades econômicas urbanas. Este comércio de escravos negros entre a África e o Brasil ocorreu ao longo do período colonial e até a primeira metade do século XIX.

Dominado por portugueses, espanhóis, ingleses e holandeses, o tráfico existiu desde o século XV e cresceu junto com a economia colonial no Brasil. Entre 1550 e 1850 chegaram ao país cerca de 3,5 milhões de cativos trazidos do continente africano, especialmente de Guiné, da Costa do Marfim, de Mali, do Congo, de Angola, de Moçambique e de Benin. Em 1800, cerca de 2/3 da população do país - 3 milhões de habitantes - era formada por negros e mulatos, escravos ou libertos. A inserção da população negra na sociedade se dá pelo trabalho favorecendo, dessa maneira, a convivência familiar, social e cultural. A miscigenação avança com um número cada vez maior de mulatos.

Os negros trouxeram consigo a sua própria religião candomblé e umbanda que cultua os orixás, deuses das nações africanas de língua iorubá dotados de sentimentos humanos, como ciúme e vaidade. Esta era praticada primeiramente dentro das senzalas com cantos, danças e batuques tocados ao som de atabaques (deste batuque nasceu o samba). Depois com a proibição dos senhores portugueses que consideravam o candomblé e a umbanda como feitiçaria, eles passaram a praticar sua religião em segredo dentro das matas durante a noite.

Mesmo com a perseguição da polícia o candomblé resistiu, até que na virada do século XX nasceu uma religiosidade popular em torno das irmandades fundadas pela Igreja Católica e pelos terreiros de umbanda e candomblé, que para sobreviver à perseguição, os adeptos passaram a associar os orixás aos santos católicos, no chamado sincretismo religioso. Por exemplo, Iansã é associada a Santa Bárbara; Iemanjá a Nossa Senhora da Conceição, etc. As perseguições sofridas pelo candomblé prejudicam até hoje a estimativa sobre o seu número de adeptos. Parte dos que freqüentam os cerca de 20 mil terreiros espalhados pelo país ainda hoje afirma ser católica.

Segundo o IBGE, apenas 0,4% da população (cerca de 650 mil pessoas) declarava em 1991, seguir cultos afro-brasileiros, mas a Federação Nacional de Tradição e Cultura Afro-brasileira (Fenatrab) calcula que 70 milhões de pessoas, quase a metade da população do país, têm ligação com o candomblé ou com a umbanda. No Brasil, a religião cultua apenas 16 dos mais de 200 orixás existentes na África Ocidental. Uma das festas mais conhecidas do candomblé brasileiro é a de Iemanjá, orixá feminino considerado a rainha dos mares e oceanos. Durante a comemoração - que na Bahia acontece dia 2 de fevereiro e no Rio de Janeiro na noite de 31 de dezembro -, oferendas são levadas ao mar, onde, de acordo com a tradição, Iemanjá aparece envolta em espumas para recebê-las. A Lavagem do Bonfim, em Salvador (BA), é um dos exemplos da fusão religiosa entre o catolicismo e o candomblé.

O Senhor do Bonfim, homenageado no dia 11 de janeiro, é identificado como Oxalá. Os fiéis percorrem, em cortejo, um trajeto que começa no largo da Conceição e termina na Igreja de Nosso Senhor do Bonfim. No local é realizada a lavagem simbólica das escadarias da igreja, com água perfumada e flores. Mãe Menininha do Gantuá foi uma das principais responsáveis pela difusão do candomblé no Brasil. Sediada em Salvador na Casa Branca foi a mais famosa Mãe de Santo do país. Assim como o samba (ritmo popular brasileiro) as escolas de samba que desfilam durante o carnaval no Brasil derivam da cultura negra.

A primeira manifestação carnavalesca em forma de bloco surgiu do candomblé, com o Afoxé - grupo de ogãs (tocadores de atabaques) que eram também estivadores do cais de Salvador que se reuniam para brincar o carnaval depois de liberados pela Mãe ou Pai de Santo. Em Salvador eles saem até hoje com o nome de "Filhos de Ghandi". Aqui em São Paulo também já se tornou tradição a abertura do carnaval com o Afoxé Iyá Ominibú o primeiro afoxé presidido por uma mulher no Brasil fundado em 01 de julho de 1993.

O Afoxé abre o carnaval porque é a raiz do samba e, portanto a raiz de todas as escolas de samba do Brasil e também para manter a tradição da religião limpando a avenida dos maus fluidos e liberando os filhos de santo para brincar o carnaval. O Afoxé Iyá Ominibú em 2000 homenageou os negros e sua religião nos 500 anos de Brasil com 16 alas cada uma delas representando um orixá e trazendo como abre alas um grupo de negros representando os escravos da época da colonização. O Afoxé Iyá Ominibú, se apresentou com uma bateria de 350 integrantes e também uma ala de passo marcado de 200 meninas que pertencem ao projeto Meninos do Morumbí.

Desta forma o Afoxé continua cumprindo a sua meta social colaborando com entidades filantrópicas e do governo (como a FEBEM em 1999) na árdua tarefa de tirar os menores de idade das ruas e trabalhando durante o ano todo com esses menores.

O Afoxé também vem realizando um projeto semelhante ao dos Meninos do Morumbí no Bairro da Lapa, porém com muita dificuldade devido a falta de ajuda do governo e do município. Agora o Afoxé estendeu a sua ação social, aderindo ao projeto do governo federal “Fome Zero”, e está doando cestas básicas, frutas e legumes às famílias necessitadas e carentes. Juntos com o projeto “Ação e Cidadania”, e com a colaboração do CEASA.

Associação Cultural EGBÉ ODARA ONÃ

A Associação Cultural EGBÉ ODARA ONÃ, é uma entidade sem fins lucrativos, cujos propósitos são promover ações sociais para todas as comunidades desfavorecidas do município de Campos dos Goytacazes - RJ, sem distinção de gênero, credo, etnia ou status social, promovendo o direito e acesso à cultura, na preservação e na manutenção das manifestações afro-brasileiras.

A associação está situada em sua sede provisória na travessa Martins nº 68, Parque Aurora, Campos dos Goytacazes – RJ, CEP 28025-355. Tendo como seu representante direto o Babalorisá Edenilson Adolfo Vicente, na função de presidente juntamente com sua distinta diretoria executiva.

É objetivo da ASSOCIAÇÃO CULTURAL EGBÉ ODARA ONÃ, promover e desenvolver suas atividades nas áreas:

• Consultoria e Prestação de Serviços;
• Ações sociais;
• Religiosidade;
• Meio Ambiente;
• Gastronomia;
• Artesanato;
• Audiovisual;
• Literatura;
• Confecção e Tecelagem;
• Musicalidade;
• Expressão Corporal;
• Patrimônio Histórico-Cultural;
• Folclore;
• Teatro;
• Identidade Étnica;
• Intercâmbio Brasil-África;
• História da África e Diáspora Africana;

A Associação Cultural EGBÉ ODARA ONÃ, tem como Objetivos:

• Promover  a defesa e conservação da cultura afro-brasileira no desenvolvimento de suas atividades sem discriminação de etnia, gênero e classe;

• Defender o direito disposto no artigo 215 da Constituição Federal de 1998 que assegura que o "Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais populares, indígenas e afro-brasileiras, e de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional";

• Fortalecer a identidade cultural afro-brasileira dentro da perspectiva de combate ao racismo, construindo mecanismos de participação que reafirmem sua auto-estima e promovam sua inserção social e cidadã;

• Promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, e de outros valores universais;

• Desenvolver estudos, pesquisas, projetos e eventos ligados às atividades culturais afro-brasileiras;

• Criar parcerias com entidades públicas e/ou privadas, viabilizando projetos de caráter cultural;

• Capacitar formadores e educadores populares para desenvolver atividades artístico-culturais com finalidades pedagógicas;

• Ministrar e participar de oficinas, seminários, palestras, fóruns e cursos voltados para a divulgação artístico-culturais afro-brasileiros;

• Prestar consultoria para organizações voluntárias, instituições acadêmicas, entidades comunitárias, órgãos públicos e movimento social.

Contato:
Edenilson Adolfo Vicente - PRESIDENTE
Fone: (22) 2725-5521.
(22) 9706-7060.
MSN: dofonodeleba@hotmail.com 
E-MAIL: afoxé_odara_ona@hotmail.com

Afoxé Odara Onã

O AFOXÉ ODARA ONÃ é um movimento de cunho cultural e forte instrumento de integração social, tem como objetivo maior a divulgação e manutenção  da Cultura Afro Brasileira. O Afoxé possui dentre tantas outras qualidades, uma plasticidade visual sedutora e envolvente, com a gestualidade das danças, das cantigas características africanas, seu ritmo é o Ijexá que suave e cadenciado arrasta multidões por onde passa.

Afoxé, portanto, é um bloco afro cultural que também se apresenta no período do carnaval, mas que não tem a representação de ser um bloco carnavalesco. Sua função é abrir o desfile na avenida, vindo antes das escolas de samba para “limpar e purificar” a passagem contra toda "negatividade", para que o carnaval seja próspero com paz e harmonia...

Histórico
Estudiosos das manifestações culturais e religiosas africanas, relatam que no século XIX, na cidade de Lagos - Nigéria (Africa), no mês de janeiro acontecia uma diversão, um cortejo festivo em que os participantes se vestiam, enfeitavam com adornos e máscaras esse cortejo era chamado de DAMURISHA (ou festa da Rainha), temos certeza que é a raiz dos Afoxés brasileiros, e quem sabe também do nosso carnaval.

Entre 1770 e 1850, milhões de negros yorubanos foram transportados para o Brasil na condição de escravos. Esses negros influenciaram decisivamente na formação cultural do Brasil usando os Egbe Orisà (comunidades religiosas) como foco de resistência.

Esses blocos são como tentativas de reconstituir as tradições que mantinham na África, assim como suas memórias e lembranças.

Em 1895, na cidade Salvador, se manifesta o primeiro Afoxé. Exibido publicamente no Brasil, consta o “Pândegos da Folia”, apenas sete anos após a abolição da escravatura.

Hoje existem vários afoxés conhecidos no Brasil todo, como o Ilê Aye da Bahia, Os Filhos de Gandhy da Bahia e do Rio de Janeiro, Iyá Ominibú de São Paulo, que hoje conta com mais de 10 mil integrantes, e o Egbé Omo Ijexá de Curitiba.